Comportamento Social Pode Adiar a Maturação Sexual? Um Caso Real nos ring necks
- rodrigomarcusso16
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Ativação Tardia de Características Sexuais Secundárias em Psittacula krameri Após 5 Anos de Vínculo Homossocial Contínuo: Relato de Caso Etológico e Endocrinológico
Resumo
Este estudo relata um caso inédito de Psittacula krameri (Ring Neck) macho, sexado por DNA erroneamente identificado como femea, que expressou o colar sexual típico apenas aos 5 anos de idade, após viver todo esse período em pareamento contínuo com outros machos. Durante esse tempo, o indivíduo manteve comportamento social estável, mas não apresentou qualquer dimorfismo sexual visual. O colar começou a se formar de maneira espontânea, sem separação prévia. O cônjuge homossocial apresentou comportamentos compatíveis com estresse, incluindo automutilação. Este relato lança nova luz sobre os efeitos de longo prazo do ambiente social sobre a expressão hormonal e fenotípica em psitacídeos.
1. Introdução
O ring neck, Psittacula krameri é uma espécie com dimorfismo sexual visual claro: machos adultos desenvolvem colar preto-rosado entre os 18 e 36 meses de idade. A ausência dessa característica após os 3 anos geralmente levanta suspeitas de erro na sexagem ou anormalidades hormonais. No entanto, há evidências crescentes de que fatores ambientais e sociais influenciam profundamente a expressão fenotípica. Este caso é excepcional pela duração do vínculo homossocial (5 anos) sem manifestação de colar, seguida de ativação espontânea do traço visual sem separação do parceiro.
2. Relato de Caso
O exemplar macho em questão foi sexado por DNA logo após o nascimento e identificado nos exame de pcr como FEMEA . Desde então, viveu continuamente emparelhado com machos ao longo de 5 anos. Durante esse tempo:
Nunca apresentou formação de colar, mantendo plumagem uniforme semelhante à de fêmeas;
Um dos parceiros homossociais apresentou comportamento de automutilação, com arrancamento de penas na região cervical, sem lesões dermatológicas associadas;
O macho em foco começou a desenvolver o colar espontaneamente aos 5 anos de idade, sem alteração no manejo, dieta ou separação do vínculo.
3. Discussão
3.1 Inibição prolongada da expressão fenotípica sexual
Esse caso sugere a existência de inibição hormonal periférica mediada por fatores sociais e afetivos, com potencial influência epigenética. A permanência em ambiente exclusivamente masculino por 5 anos pode ter:
Suprimido a secreção de testosterona em níveis necessários para a coloração do colar;
Ativado circuitos comportamentais de emparelhamento que não exigem diferenciação visual sexual.
3.2 Ativação espontânea e possível maturação endócrina tardia.
A ativação tardia do colar, sem qualquer ruptura social, levanta hipóteses como:
Um gatilho maturacional endógeno que supera a inibição ambiental após anos de supressão;
Um ajuste metabólico ou hormonal espontâneo;
A quebra de uma “barreira epigenética” mantida por contexto social estável e repetitivo.
3.3 Estresse e automutilação no parceiro
O comportamento de automutilação do macho parceiro pode ser reflexo de:
Frustração afetiva ou reprodutiva por ausência de estímulos sexuais naturais;
Conflito intraespecífico silencioso, com redefinição de papéis sociais conforme o outro começa a se diferenciar;
Sinais indiretos de desequilíbrio psicoemocional que afetam psitacídeos privados de ambiente natural ou função reprodutiva.
3.4 Importância para o manejo em cativeiro
Este caso destaca a necessidade de:
Reavaliar periodicamente dimorfismo fenotípico em aves mantidas sob vínculo homossocial de longo prazo;
Reconhecer o impacto do ambiente emocional e social sobre endocrinologia e bem-estar;
Considerar intervenções ambientais, como estímulo visual, social e hormonal, para manutenção da saúde comportamental.
4. Conclusão
Este é um dos raros relatos documentados de inibição visual sexual por vínculo homossocial de 5 anos, seguido de ativação fenotípica espontânea sem separação. O caso amplia a compreensão sobre os efeitos do ambiente social prolongado sobre o fenótipo, comportamento e saúde de psitacídeos em cativeiro. Reforça ainda a importância do acompanhamento comportamental e emocional contínuo, especialmente em plantéis onde vínculos não-reprodutivos são formados.
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5. Referências
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